Reitor da UFSM afirma “falha compartilhada” sobre segurança nas comemorações da calourada no centro de Santa Maria

Letícia Almansa Klusener

Reitor da UFSM afirma “falha compartilhada” sobre segurança nas comemorações da calourada no centro de Santa Maria
Após polêmicas sobre a falta de segurança e policiamento da calourada na Praça Saturnino de Brito, um jovem de 22 anos foi morto próximo ao local durante a madrugada desta quinta-feira. Em entrevista ao programa F5, da Rádio CDN, o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luciano Schuch comentou o caso e o posicionamento da universidade em relação às festas.

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Confira a entrevista

Pâmela Rubin Matge: como compartilhar essa responsabilidade neste caso específico?

Luciano Schuch: Recebemos na universidade por ano 5 mil estudantes, com ingresso no início e metade do ano. Isso é tradicional, há mais de 20 anos isso acontece na nossa cidade. E esse orgulho de dizer que Santa Maria é uma cidade universitária, uma cidade dos jovens, só que ao mesmo tempo a cidade tem que acolher estes jovens. Essa discussão da calourada, que não é da UFSM, é de todas as instituições de Ensino Superior que existem em Santa Maria. A cidade tem que receber, a cidade não pode dar as costas para estes jovens, que é o que movimenta a economia, discutimos tanto isso com o retorno da presencialidade, imobiliário, bares, todo o comércio da cidade. Só que ao mesmo tempo a gente sabe que os jovens gostam de se reunir. Neste semestre, estamos desde segunda-feira fazendo todo o acolhimento aqui na universidade, mas ao mesmo tempo este jovem mora na cidade, mora no centro e no entorno da cidade, alguns moram até na universidade. E eles gostam muito e as famílias gostam também de mostrar que foram aprovados na federal de Santa Maria. E eles vão naturalmente depois do acolhimento aqui na universidade, que aqui e com cuidado e com segurança, já proibimos venda de bebidas alcoólicas e festas aqui dentro exatamente por isso. Sabemos que fazer festa não é nosso papel e nem obrigação como universidade e esse papel sim tem que ser da sociedade civil organizada, através dos bares, boates que precisam estar organizadas para isso. A nossa calourada foi bem organizada. Só que o estudante gosta de mostrar para a sociedade que passou, gostam de ir para o centro, os próprios estudantes vão depois para o centro mostrar para a sociedade que foram aprovados e com isso dá essa aglomeração, os jovens gostam de estar juntos e aproveitar esse momento. O que a gente precisa cada vez mais, as entidades, empresários e toda a questão de segurança pública se envolva nestes momentos.

Pâmela: neste retorno letivo, como foi a interlocução da UFSM com o município sobre a segurança?

Luciano Schuch: Não tivemos nenhuma interlocução direta com os órgãos de segurança e prefeitura. Nos organizamos internamente. No início da gestão fizemos diversas reuniões para o planejamento deste retorno da presencialidade, da própria calourada. Isso foi feito no início do ano, mas não agora na metade do ano. Entendemos que isso poderia ter sido feito, acionado a prefeitura, a Câmara de Vereadores, a Cacism, a Brigada. Só que isso é uma questão da própria cidade, a cidade poderia estar se organizando. Podemos também informar a cidade que vai chegar jovens.

Pâmela: foi uma falha compartilhada então, reitor?

Luciano Schuch: Foi, com certeza foi.

Marcos Fonseca: a universidade pensa, a partir de agora, ter alguma ação prática para tentar minimizar estes riscos?

Luciano Schuch: Nós temos uma comissão interna, da nossa calourada. São coisas diferentes que aconteceram, a calourada institucional aqui da universidade e a festa do Brahma no centro. Agora sim, a nossa calourada vamos convidar os órgãos públicos para estarem cientes e participar da nossa programação. E com isso entendem as datas e a quantidade de jovens para também poderem se organizar como cidade.

Pâmela: há um posicionamento ou indicativo da universidade em relação aos jovens se reunirem hoje novamente na praça?

Luciano Schuch: A universidade não participa disso e nunca foi indicação da universidade de eles irem a este local. Isso é uma questão própria dos estudantes, isso tem que estar muito claro para todos. A calourada da universidade se encerra hoje. Provavelmente hoje eles nem devem ir ao centro, mas isso é uma questão deles, eles que se organizam por conta, não há movimentação da universidade.

Pâmela: mediante este fato, terá algum posicionamento formal da universidade?

Luciano Schuch: Não teremos posicionamento formal. Lamentamos o fato, mas não temos gerência da vida e de festas dos estudantes da universidade e da cidade. Não temos como nos manifestar sobre essa comunidade. O que dizemos é que as regras devem ser respeitadas e se vão ao centro é uma opção deles. Entendemos que o clima para fazer festa hoje não é bom devido a este assassinato.

Marcos Fonseca: muito se questiona sobre o porque esta festa não acontece dentro da universidade. Por que não existe condição de isso ser feito?

Luciano Schuch: Na verdade estas festas existiam na universidade há uns 5 anos anos. Festas com mais de 3 mil alunos no Centro de Eventos. Foi a sociedade civil de Santa Maria que solicitou que a universidade parasse de fazer festa. E não é nosso papel mesmo, não temos estrutura para isso. Hoje são proibidas aqui dentro. E mesmo naquela época os alunos iam ao centro porque querem ir para a rua mostrar que foram aprovados.

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